Um trabalho de impermeabilização de sofás que deveria ser simples, rápido e seguro acabou ceifando a vida de um garoto de 11 anos, além de ferir gravemente três adultos e afetar a vida de dezenas de famílias. Poderia ser evitado? Como em todas as tragédias, a resposta é SIM. Reunimos dicas importantes para evitar que tragédia semelhante aconteça no seu condomínio.
Um dos redatores do Blog Vida de Síndico estava próximo ao local do acidente. Ele conta como foi o momento do acidente:
“Eram 9h40 da manhã do dia 29 de junho quando ouvi um barulho da explosão muito forte. Coincidentemente não tinha luz onde moro. Meu primeiro pensamento foi de que algum disjuntor na rua havia explodido.
Poucos minutos depois meus vizinhos alertaram sobre uma manutenção que estava em curso na rede elétrica da rua Monsenhor Manoel Vicente. Não me preocupei. No entanto, alguém comentou que havia algo errado na rua Dom Pedro I, local do acidente, pois haviam muitos carros oficiais em atendimento no local. Talvez fosse um redirecionamento de trânsito, e nada mais.
Tempo depois passei em frente ao local do acidente e entendi a gravidade da situação. O apartamento da explosão ainda estava em chamas. Todos os moradores estavam na rua, alguns deles com poucas roupas pois tiveram que correr, sem tempo de se vestir. Foi assustador.”
A imprensa local cobriu o caso com grande destaque. De acordo com as imagens das câmeras do prédio, além dos testemunhos de quem ali estava e da perícia realizada pela polícia dias depois, foi possível concluir que o acidente foi um caso de negligência completa com a vida humana.
O que ocasionou o acidente?
Quando o técnico entrou na residência para realizar o serviço, ele não alertou os moradores dos perigos da operação. Em verdade, o técnico sequer sabia que o produto era inflamável. Além disso, ele não tinha os equipamentos de segurança exigidos por lei. A empresa responsável pela aplicação, a Impeseg, não tinha alvará da prefeitura para operar e os selos da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) eram falsos. Ele também não informou que a casa precisaria estar completamente vazia por ao menos quatro horas após a aplicação do produto.
Diante deste cenário de negligência, o técnico começou a realizar seu trabalho. Na cozinha, uma moradora decidiu acionar o fogão, e a faísca foi o suficiente para causar a explosão. A violência da explosão foi tão grande que três paredes em sequência foram completamente arrancadas, arremessando o garoto para fora do apartamento no sexto andar. Infelizmente ele morreu a caminho do hospital.
Como garantir que a impermeabilização de sofás seja eficaz e segura
Em entrevista à Gazeta do Povo, o major do Corpo de Bombeiros garantiu que não há uma forma segura de realizar este tipo impermeabilização dentro das residência. Ainda segundo ele, a simples orientação de manter as janelas abertas não é o suficiente para evitar que uma explosão aconteça.
Sendo assim, para evitar que o seu condomínio passe por problema semelhante, vale a pena seguir algumas orientações:
- Os próprios bombeiros recomendaram a proibição completa dos serviços de impermeabilização de sofás e estofados dentro de residências. Então, nossa recomendação é a de que o síndico proíba este tipo de trabalho no condomínio, salvo quando o procedimento for formalmente apresentado como comprovadamente seguro para a administração do prédio. Vale lembrar que o procedimento só é considerado seguro quando não envolve o uso de produtos inflamáveis.
- Informe a decisão da proibição de forma clara e formal. Para isso, é fundamental que o síndico tenha uma ferramenta de comunicação eficaz com os condôminos, como o software Vida de Síndico, para informar os moradores.
- Caso o morador decida não seguir a proibição comunicada, o síndico pode, e deve, aplicar multa ou punição semelhante. Vale lembrar que casos de morte envolvendo serviços de impermeabilização de sofás podem resultar em acusação penal de homicídio culposo, ou seja, quando não há a intenção de matar.
- O condomínio deve exigir a apresentação de documentação completa:
- – Alvará válido emitido pela prefeitura
– Selos da Anvisa
– Produtos químicos dentro data de validade
– Relação dos equipamentos e químicos que serão utilizados, comprovando que nenhum é inflamável
– Exigir que o aplicador tenha experiência mínima de 12 meses na aplicação dos produtos. - A empresa de impermeabilização de sofás deve ter um profissional de química devidamente cadastrado no Conselho Regional de Química, o CRQ.
- Exigir o uso de equipamento de segurança completo:
– Máscaras de proteção
– Luvas
– Botas
– Macacão ou uniforme apropriado para o serviço
– Ajudantes também devem estar uniformizados. - Exigir a retirada do sofá da residência para que a impermeabilização seja realizada em local seguro e controlado.
- Vale a pena ler as avaliações a respeito da empresa contratada. Você pode checar essas informações no Google, no Facebook e em outras redes sociais. É essencial também pesquisar sobre a empresa no site Reclame Aqui e em outras plataformas de reclamação. Se forem encontradas quaisquer informações sobre negligências a respeito de segurança ou licenças, não contrate a empresa.
- Depois de contratado o serviço, peça para que a empresa envie um documento com todas as orientações de segurança. Cobre as orientações quando da execução do serviço.
- Recomendar que os moradores não fiquem dentro da residência durante a aplicação, mesmo que o procedimento interno permitido seja livre de produtos inflamáveis.
Vale a pena não contar apenas com uma busca simples no Google; prefira contratar empresas que já foram atendidas por conhecidos que garantam a eficiência do trabalho.
Como é feita a impermeabilização de sofás
A impermeabilização de sofás e outros estofados se dá a partir da aplicação de químicos que vão tapar os poros do tecido, evitando que líquidos e sujeiras penetrem e sujem a superfície estofada. O cheiro forte é tradicional nas aplicações, mas não permanece uma vez que o produto esteja seco. Sendo assim, a impermeabilização é uma ótima forma de manter sua casa sempre limpa.
A impermeabilização costuma ter a duração de 2 a 4 anos, dependendo da utilização diária do tecido estofado. Depois de vencido o período, é fundamental reaplicar o produto seguindo as recomendações de segurança.
Outro detalhe importante é que o tipo de material usado para ser aplicado pode afetar o resultado. Inclusive o uso de produtos inflamáveis pode não ser completamente satisfatório por que o produto pode agredir tecidos mais delicados. Na dúvida, informe à empresa responsável qual é o tecido do estofado e peça sugestões de quais químicos são mais adequados. Além disso, substâncias como batom ou urina de animais podem manchar o tecido apesar da impermeabilização.
Mais uma dica: depois de lavado a seco por empresa especializada, ou de forma caseira, com água e sabão, o sofá perderá o efeito impermeabilizante. Por isso, atente-se para uma nova aplicação.
Manutenção da impermeabilização de sofás
Não há a necessidade de aplicação de nenhum outro produto adicional além daqueles usados pela empresa de impermeabilização. Depois de impermeabilizado, o sofá poderá ser limpo com aspirador de pó e pano seco e absorvente. Uma dica valiosa é não pressionar o pano contra o tecido em eventos de queda de líquido; a pressão pode fazer com que o líquido penetre na fibra.
É muito importante sempre seguir as orientações acima descritas. Como diz o ditado: é melhor prevenir do que remediar. Vale a pena ter um pouco de trabalho na verificação das informações legais a respeito da empresa a ser contratada, do que colocar a vida das pessoas em risco.